Madrid Traditional Architecture and Urbanism Workshop 2014
Seminário Internacional de Arquitectura e Urbanismo Tradicionais, Madrid, 2014
Apresentação
O seminário nasceu com o objetivo de oferecer aos participantes métodos e critérios para intervir como arquitectos em conjuntos urbanos consolidados com uma visão mais sustentável da forma de projetar a cidade, dirigida não só a enriquecê-la espacial, social, económica e culturalmente, mas também comprometida com a preservação das tradições que definem a sua identidade.
Com este fim, uma equipa internacional de professores, coordenada e dirigida por Samir Younés (University of Notre Dame) e Alejandro García Hermida (Universidad Alfonso X el Sabio) e da qual também fizeram parte Carmen Bueno (Universidad Politécnica de Madrid), Alejandra Gutzeit (University of Notre Dame), Javier de Mingo (Universidad Politécnica de Madrid) e Mark Santrach (University of Notre Dame), trabalhou junto dos participantes (Antonio Cañero Santisteban, Carlos Corchado Castillo, Alejandro Domínguez Rueda, Amalia Maria Dumitru, Andrea Figueroa Chaves, Celia García Albertos, Helena García Hermida, Ricardo González Granger, Marina López Porras, María Moreno Aguarón, Rosa Mouriño Pérez, María José Moya Olmedo,Virginia Ripoll Tolosana e Estíbaliz Sierra Alegre) na definição duma proposta alternativa para a área madrilena da Plaza de la Cebada, onde hoje em dia está projetada a construção de um imenso edificio que albergará, entre outros usos, um grande centro comercial.
A primeira jornada contou com conferências de Luis Maldonado Ramos (Universidade Politécnica de Madrid, onde é Diretor da Escola Técnica Superior de Arquitectura de Madrid), Fernando Vela Cossío (Universidade Politécnica de Madrid) e Jaime de Hoz Onrubia (Universidade Alfonso X el Sabio), que proporcionaram aos participantes uma visão geral da evolução urbana da cidade de Madrid, o elencar das suas principais características identitárias e a génese e evolução do espaço que hoje ocupa a Plaza de la Cebada, assim como os elementos arquitectónicos que foram aparecendo e desaparecendo ao redor do mesmo.
A proposta alternativa centra a sua atenção em criar espaços públicos que proporcionem uma maior qualidade de vida à população da zona, pensando numa cidade para os seus habitantes, sem que isso vá em prejuízo do alcance dos índices de aproveitamento do solo que caracterizam o projeto atualmente aprovado para o lugar.
Nesta nova proposta, o mercado, longe de ficar oculto num edificio compacto, estende-se pelos pisos inferiores dos edificios que circundam as novas ruas e praças propostas, convertendo-se assim em espaços abertos e permeavéis à cidade, nos que o espaço aberto público continua a ser o principal lugar de encontro e relação.
A diversidade funcional, arquitetónica e social entende-se como un aspeto chave para garantir a vitalidade e o êxito dos novos espaços públicos propostos. Posto isto, os espaços comerciais complementam-se com casas, escritórios e edificios públicos que contribuem para gerar o enriquecedor tipo de vida urbana que a cidade, quando é bem pensada, é capaz de albergar.
Os principais focos arquitectónicos do conjunto dispõem-se de modo a servir de referência visual nos diversos percursos que ou vão em direção ao lugar em si ou são gerados dentro do mesmo.
Nas fachadas que mais luz solar recebem abrem-se telheiros no rés-do-chão para servir de cobertura durante os longos e quentes verões madrilenos.
Recuperam-se e incorporam-se ao conjunto elementos arquitectónicos perdidos da própria praça e inclusivé de outros lugares de Madrid, procurando assim perpetuar a sua memória. Reaparecem assim elementos como a Puerta de La Latina, hoje conservada junto à Escola Técnica Superior de Arquitectura de Madrid, ou a Fuente de los Galápagos, criada pelo arquitecto Ventura Rodríguez para ser colocada nas Escuelas Pías de San Antón e hoje em dia completamente transformada.
Tudo isto foi concebido e projetado de modo que harmonize com a identidade do lugar, com as tradições arquitectónicas que definiram o que hoje conhecemos como a paisagem urbana própria da cidade de Madrid, um património único que, por não se perpetuar e enriquecer, continuará a desaparecer progressivamente até à sua definitiva extinção.
Para levar a cabo este objetivo desenvolveu-se em paralelo um catálogo de soluções construtivas locais que foram logo aplicados no design dos diversos edifícios projectados.
Fez-se também o cálculo das superficies totais construidas atribuídas a cada uma das diferentes finalidades: residencial, comercial, equipamentos públicos, espaços livres públicos, etc. Demonstrando com isto que propostas como esta não só permitem criar uma superficie muito maior de verdadeiro espaço público que no projeto hoje aprovado, mas também que são além disso perfeitamente viáveis dum ponto de vista económico.
Finalmente, no domingo 22 de junho, os participantes apresentaram a proposta na própria Plaza de la Cebada diante da vizinhança, sendo muito bem recibida por quem se interessou por ela.
